Reportagem da Benfica TV, sobre a Gala Final

15 setembro 2006

ZEROS, ROTUNDOS ZEROS! Copenhaga 0 - Benfica 0



Zero no resultado, zero na exibição e, sobretudo, zero na ambição. E é isto que me deixa furioso. A equipa parece conseguir assimilar na perfeição a personalidade do seu treinador, e isso reflecte-se em campo.
Claro que agora deverá vir a conversa do costume 'Ah, e tal, um empate fora na Champions é um bom resultado...'. Tretas. O Copenhaga é a equipa mais fraca do grupo, e se queremos passar à próxima fase os resultados contra eles deverão ser decisivos. Aliás bastou o Benfica carregar um bocadinho sobre eles na segunda parte que deu para ver o quão inferiores eles são.

Cinco mudanças no onze inicial em relação aoo descalabro do Bessa. Entraram Alcides, Ricardo Rocha, Paulo Jorge, Simão e Nuno Assis; sairam Nélson, Anderson (ao menos o treinador viu onde é que esteve o elo mais fraco da defesa contra o Boavista), Manú, Miguelito e Rui Costa. A troca do Nélson pelo Alcides (desculpem, mas eu continuo a embirrar em vê-lo a lateral direito em vez do Nélson) já me fazia desconfiar do medo do treinador. E esse medo viu-se em campo, porque o Benfica, mais uma vez, foi incapaz de assumir as despesas do jogo perante um adversário nitidamente inferior.
O jogo disputava-se muito na zona do meio-campo, e pareceu-me que os dinamarqueses, quando verificaram que o Benfica não ia ser dominador, começaram então a tentar serem eles a assumir as despesas do jogo. Também não criaram grandes oportunidades, até porque para além do azar de não poderem contar com o avançado habitual, Allbäck (o que jogou no lugar dele era mesmo muito limitado), também ficaram sem o seu melhor jogador (Gronkjaer) ainda na primeira parte - e eu suspirei de alívio quando isso aconteceu.O que me preocupa mais neste Benfica é aquilo que (não) joga.
O ano passado criticava-se o Koeman, mas ainda se via algum jogo. Esta noite passei o tempo todo a contorcer-me assim que via a bola chegar perto da linha do meio-campo e depois o Petit (em 90% dos casos) , o Luisão ou os laterais optarem por passes longos (isto é um eufemismo - para mim eles limitavam-se a despejar a bola para a frente) quase sem nexo. Os laterais praticamente não participaram no jogo ofensivo da equipa.
O que é feito do Léo da época passada, que fazia o corredor esquerdo todo praticamente sozinho? Porque é que ele agora chega à linha do meio-campo e larga a bola, muitas vezes optando pelos tais passes longos - coisa que nunca o vi fazer antes, já que o normal é partir para cima do adversário com a bola controlada, ou tentar tabelas rápidas com os colegas? Graças a este disparate de jogo, praticamente nem dei pela presença do nosso avançado em campo. O Nuno Gomes limitava-se a ver a bola passar por cima dele, de um lado para o outro, sem que nada pudesse fazer.Na segunda parte o Copenhaga voltou a entrar forte, mas em poucos minutos o Benfica cortou-lhes o ímpeto, e começou a controlar o jogo.
Nesta altura foi possível ver que seria possível o Benfica encostar o adversário lá atrás, caso assim o quisesse. A bola agora passava grande parte do tempo nos nossos pés, mas pareceu-me sempre que não havia grande vontade de assumir por completo o favoritismo que tínhamos à partida, de forma que se optou sempre por uma toada cautelosa. No banco o treinador também parecia conformado (que surpresa...) com o nulo, e apenas nos últimos minutos resolveu mexer na equipa. O único pontapé na monotonia foi dado pelo Paulo Jorge, que numa boa jogada enviou a bola ao poste (numa altura em que eu lhe rogava pragas por não ter soltado a bola para o colega isolado ao lado dele).
Mas ele acabou por tomar a melhor decisão, e gostei da atitude que manteve durante o jogo.Foi-me quase insuportável ver os minutos finais da partida. O Benfica a trocar a bola na defesa, e passando-a ao guarda-redes, os dinamarqueses nem sequer pressionavam porque tunham medo de sair do seu meio-campo, e o "Nandinho" a fazer substituições inúteis para queimar tempo, mostrando para quem ainda não tinha percebido que estava satisfeitíssimo com o empate. Espero enganar-me, mas palpita-me que ainda vamos chorar estes dois pontos que deixámos na Dinamarca.
Que falta de ambição, caramba!

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